A saúde fiscal do Brasil continua preocupando os mercados, elevando o temor de calote dos precatórios. Ao mesmo tempo, a taxa básica de juros, a Selic, continua sua escalada. Diante disso, a queda do Ibovespa só não foi maior graças às ações da Petrobras, que dispararam nesta quinta (5).
De ontem para hoje, o principal fato que poderia afetar o principal índice acionário da bolsa brasileira era a taxa Selic. Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa de 4,25% para 5,25% ao ano. Esse avanço torna a renda fixa mais atraente, em detrimento dos ativos de risco. No entanto, a elevação já era esperada pelos mercados, uma vez que a inflação do país segue nas alturas.
Em resumo, a Selic mais alta desaquece a economia, uma vez que puxa consigo os juros praticados no Brasil. Isso acaba limitando a oferta de crédito, pois os juros cobrados ficam mais caros. Como a inflação representa o aumento dos preços dos produtos e serviços, ela tende a cair, porque as pessoas reduzem suas aquisições.
Aumento do Bolsa Família preocupa
Embora o BC tente segurar a inflação, o presidente Jair Bolsonaro parece querer elevá-la ainda mais. Em entrevista à “Rádio 96 Natal FM” do Rio Grande do Norte nesta quinta, Bolsonaro preocupou ainda mais o mercado. “O Bolsa Família está em R$ 192, vamos elevar no mínimo para R$ 300, podendo chegar a R$ 400”, afirmou.
Vale destacar que o aumento dos gastos públicos eleva a inflação. Isso quer dizer que a alta da Selic não irá parar tão cedo, ou seja, os brasileiros terão juros cada vez mais altos a pagar. Enquanto isso, a inflação também não cairá, ainda mais com as ações de Bolsonaro. Assim, a população também pagará mais caro por produtos e serviços.
Além disso, os investidores não sabem de onde o governo tirará dinheiro para turbinar o Bolsa Família. O programa deve ganhar um novo nome (Auxílio Brasil) e o medo do mercado é que haja calote dos precatórios. A saber, o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que os precatórios sofrerão calote. Mas o medo segue latente.
Apenas 17 das 84 ações do Ibovespa sobem nesta quinta
Nesta quinta, apenas 17 das 84 ações do Ibovespa subiram. O resultado poderia ter sido muito pior, mas o resultado trimestral da Petrobras animou os investidores. Em suma, a estatal encerrou o período com o melhor resultado desde 2010.
Aliás, o pregão registrou um giro financeiro de R$ 29 bilhões. Esse valor superou em muito a média diária de julho, que ficou em R$ 20 bilhões. E quase um terço deste montante ocorreu graças às ações da Petrobras, tida como a joia do Ibovespa.
Dentre os poucos avanços desta quinta, os mais expressivos vieram da Petrobras, com as ações ordinárias (9,63%) e preferenciais (7,88%). Em seguida, ficaram Magazine Luiza ON (2,51%), Totvs ON (1,81%), Raia Drogasil ON (1,77%), Embraer ON (1,64%) e Locaweb ON (1,63%).
Por outro lado, os tombos mais intensos foram de: Bradespar PN (-5,04%), Braskem PNA (-4,44%), CSN ON (-4,23%), Ecorodovias ON (-3,22%) e Vale ON (-3,17%). O destaque ficou o derretimento do preço internacional do minério de ferro, que puxou consigo as ações relacionadas ao setor.
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