Lugar de massagem, teatro de fantoches e até mesmo um local destinado para “confissões”. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), tudo isso existia no acampamento feito por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em frente ao Quartel do Exército em Brasília, no Distrito Federal.
As informações foram reveladas pela PGR nesta segunda-feira (23). De acordo com a entidade, havia a “existência de uma situação de estabilidade e permanência da associação formada por centenas de pessoas que acamparam em frente à unidade do Exército”. O acampamento passou a funcionar logo após a eleição, onde Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Insatisfeitos com a derrota do ex-presidente, apoiadores radicais de Bolsonaro ficaram alojados no acampamento até 09 de janeiro, um dia após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes – Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto. Segundo a PGR, o lugar era organizado e funcionava como uma espécie de vila.
“O local possuía lugar para refeições, feira, transporte, atendimento médico, sala para teatro de fantoches, massoterapia, carregamento de aparelhos e até assistência religiosa”, relatou a entidade em um documento que representa a terceira leva de denúncias apresentadas pela PGR contra participantes dos atos registrados em Brasília.
Até o momento, já foram apresentadas ações penais contra 98 pessoas. Esses denunciados responderão por incitação ao crime equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais e associação criminosa, ambos previstos no Código Penal. Também nesta segunda, Alexandre de Moraes, ministro do STF, atendeu um pedido da PGR e instaurou mais três inquéritos sobre os atos de 08 de janeiro.
Essa determinação de Alexandre de Moraes foi ao encontro do que pediu a PGR, que apontou a prática dos crimes de associação criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União, furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, terrorismo e deterioração de patrimônio tombado.
Agora, são sete inquéritos abertos para identificar e responsabilizar todos os envolvidos nos atos criminosos em Brasília. Além dos três abertos nesta segunda, existem outros três envolvendo deputados e um relacionado a autoridades do Distrito Federal, como o governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB), e o ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, que atualmente está preso.