Uma análise identificou que o preço médio da gasolina no Brasil continua na faixa de R$ 6 a R$ 7 em determinados locais. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), esta é a oitava alta seguida até a semana de 25 de setembro. Os aumentos constantes acontecem em meio aos recordes na cotação do barril de petróleo.
Mas estes reajustes que provocam o aumento no preço dos combustíveis não são aleatórios. O Brasil 123 listou a seguir, os quatro principais motivos que explicam a alta no produto. Observe!
1. Demanda elevada
A cotação do petróleo teve uma série de altas desde o início de 2022. Neste período, o barril Brent, que se consolidou como uma referência internacional, ultrapassou os US$ 80 na última terça-feira, 28. Esta margem não era ultrapassada desde outubro de 2018. Pode-se dizer que uma parte deste aumento está relacionado à demanda elevada.
Outro fato relacionado é o avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19, que tem refletido na retomada gradativa da economia de diversos países, ainda que em algumas localidades os efeitos se mostrem mais fortes do que outros ou que o esperado. O preço do gás natural também teve uma disparada nas últimas semanas devido ao maior consumo na Europa em contrapartida à redução da geração de energia renovável.
Boa parte dos parques eólicos do continente europeu reduziram a capacidade de produção devido à queda da ventania. De acordo com a SSE Renewables, empresa britânica do ramo de energia, a produção de energia entre abril e setembro ficou em 32% abaixo do previsto, e apresentou como justificativa o fato de o último verão ter sido um dos que menos ventou na Irlanda e no Reino Unido.
2. Oferta restrita
Enquanto a demanda pelo petróleo e seus derivados cresceu, por outro lado, a oferta do produto caiu. Esta disparidade pode ser justificada pela própria dinâmica da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um conglomerado que reúne 13 países parceiros, responsáveis por 33% da produção global, o equivalente a 30 milhões de barris por dia.
Como estratégia empresarial, o grupo tem o costume de controlar e limitar a produção para evitar quedas nos preços e desvalorizar a cotação. Foi o que aconteceu em 2020 quando a Opep cortou a produção devido à pandemia. Agora, com a normalização do cenário, a expectativa é para que a oferta em seu patamar integral seja retomada até dezembro de 2022.
3. Dólar alto
A valorização do barril de petróleo está vinculada à alta do dólar, motivo pelo qual tem efeito duplo em determinados países, como é o caso do Brasil que enfrenta uma expressiva desvalorização cambial. Alguns fatores para a alta do dólar consistem na expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos da América (EUA), além da extinção de programas de estímulos monetários, entre outros.
De acordo com a professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Julia Braga, o Brasil passa uma imagem bastante negativa para o restante do mundo, não somente na questão política, como no discurso anti-ciência, a política ambiental, aumento das queimadas e muito mais. “Tudo isso acaba afetando a decisão dos investidores internacionais de apostar no Brasil”, avalia.
4. Alta nos preços dos biocombustíveis
Os biocombustíveis também fazem parte da composição da gasolina e do diesel, que enfrentam uma alta expressiva, contribuindo na decisão do preço final dos combustíveis. O álcool anidro, por exemplo, equivale a 27% do litro da gasolina vendida nos postos, enquanto o biodiesel corresponde a 10% do diesel que sai das bombas.
Somente este primeiro é capaz de acumular uma alta de, aproximadamente, 60% desde o início do ano, segundo dados da Cepea/Esalq. Este salto pode ser reflexo direto dos efeitos climáticos diversos que têm acometido o país, como a escassez das chuvas, as geadas e o calor excessivo.