Caso as eleições fossem realizadas hoje, o segundo turno seria disputado por Lula e Bolsonaro, de acordo com as pesquisas, até o momento esses são os dois candidatos mais bem ranqueados. Mas não estamos falando de qualquer país, no Brasil a imprevisibilidade e a conjuntura política costumam provocar inúmeras mudanças, quando o que se está em jogo é a disputa pelo palácio do Planalto.
Bolsonaro tem a sua frente uma situação difícil, que cada vez mais compromete sua reeleição, inflação e desemprego em alta, queda constante na popularidade, isolamento internacional cada vez maior (provocado por ele mesmo) e o desgaste causado pela sustentação de um discurso sempre inflamado que visa unicamente alimentar sua base eleitoral. Por outro lado, esse cenário aprofunda a rejeição entre seus opositores, tendo em vista que o presidente não conseguiu ao longo de seu mandato conquistar novos adeptos e ainda perdeu parte dos que tinha, muito embora tenha fortalecido demasiadamente o elo que o mantém ainda como “mito” diante dos que ainda o apoiam.
Pensando em reverter esse cenário desfavorável o presidente Bolsonaro promete apostar suas fichas no uso da máquina pública, com a aprovação de PECs (Proposta de Emenda Constitucional), liberação de emendas parlamentares e na criação de novos programas sociais para auxiliar a população mais pobre. Uma prática tão antiga quanto a própria república no Brasil, ou seja, estamos presenciando a repetição de estratégias utilizadas no passado e que levaram o país a situação caótica que estamos enfrentando hoje.
Apesar de liderar as pesquisas eleitorais até o momento, Lula tem diante de si a eleição mais difícil de sua vida, ao contrário do que imaginam os petistas mais apaixonados, o ex-presidente será “pedra e vidraça” nessas próximas eleições. Numa análise mais fria e pragmática do cenário político, podemos reconhecer que a vitória de Bolsonaro em 2018, foi em grande parte fruto da elevada rejeição ao PT, que sabia ser praticamente impossível reconquistar o Palácio do Planalto à época, mas ainda assim lançou candidato próprio com o único intuito de não perder o papel de destaque no cenário político nacional.
Caso não obtenha a vitória esperada, Lula e o PT, tem grandes chances de “diminuírem de tamanho”, a crença de um Lula “imbatível” deixará de existir, o legado de seus oito anos de mandato perderá força política, e se tornará apenas um fato histórico. Por outro lado, se vencer as eleições Lula terá que explicar como irá agir para promover as mudanças que o país precisa estando ao lado de velhas figuras políticas do passado, como Valdemar da Costa Neto, Renan Calheiros, Eunício Oliveira, entre outros, que hoje se colocam novamente como seus aliados, mas um dia também foram capazes de traí-lo ao apoiarem o impeachment de Dilma Rousseff.
Até o momento, entre os três principais candidatos à presidência da república, a situação mais difícil para ida a um possível segundo turno é a de Ciro Gomes, o pedetista precisa contar com grande habilidade política e também um pouco de sorte se quiser chegar às finais da disputa eleitoral. Ele precisa aumentar seu percentual de intenções de voto, costurar mais alianças políticas do que em 2018 e ainda torcer pela estagnação e/ou aumento da rejeição de seus dois principais adversários.
Partindo para sua 4ª disputa a presidência da república, o ex-ministro da fazenda carrega o estigma de ser ele mesmo o seu principal adversário, pois ao mesmo tempo que se coloca como dono de um discurso forte e de boa qualidade, capaz de apresentar um projeto claro de desenvolvimento para o país, Ciro Gomes usa esse mesmo vocabulário para criar desafetos e impossibilitar alianças que o colocariam numa condição mais favorável diante da disputa eleitoral. Dessa forma se quiser alçar voos mais altos nas próximas eleições o candidato do PDT precisará vencer a si mesmo.
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Professor Jorman Santos:
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