A novela da 123Milhas ganhou um dos episódios mais preocupantes dos últimos dias. Isso porque a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial. Na prática, isso acontece quando a companhia reconhece que não consegue arcar com suas dívidas e chama, pela via judicial, os credores para a renegociação. O caso aconteceu com a Americanas neste ano.
O pedido foi feito no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, nesta terça-feira, 29. Para especialistas, os credores devem ficar preocupados, em especial por conta do valor devido pela 123Milhas. Para os passageiros, fica ainda mais complicado receber os valores de volta.
123Milhas vai falir?
A abertura do processo de recuperação judicial da 123Milhas levanta diversos questionamentos, em especial dos clientes. Isso porque o problema financeiro da empresa contrasta com milhares de viagens já agendadas pelos passageiros. Ao todo, o valor da causa pode chegar a R$ 2,30 bilhões.
A crise da empresa de turismo começou com a divulgação do cancelamento da emissão das passagens da linha promocional. O veto aconteceu para quem tinha passagens de valores mais baixos, com embarque previsto para setembro a dezembro deste ano. Contudo, a justiça ainda precisa acatar o pedido da 123Milhas.
Caso isso aconteça, a empresa entra em um processo de renegociação com os fornecedores e parceiros, e vai definir uma escala de pagamento e também novos valores, caso haja esse intuito. Porém, especialistas dizem que a receita da empresa deve sofrer bastante, principalmente por conta da má impressão dos clientes sobre a marca e também por conta da perda de confiança na 123Milhas.
Em nota, a empresa disse que “a Recuperação Judicial permitirá concentrar em um só juízo todos os valores devidos. A empresa avalia que, desta forma, chegará mais rápido a soluções com todos os credores para, progressivamente, reequilibrar sua situação financeira”.
E os clientes?
Para quem comprou a passagem com a 123Milhas, especialistas não trazem bons sinais. Isso porque há um histórico amplo de empresas que entram em recuperação judicial e não se recuperam. Com isso, os credores ficam sem o dinheiro, o que também acontece, no caso da empresa de turismo, com quem teve a passagem aérea cancelada.
Para especialistas, caso haja a aprovação da recuperação judicial, o consumidor deve ser o mais afetado. Isso porque há uma ordem a ser respeitada nos pagamentos. Segundo a advogada Maria Inês Dólci, em entrevista à CNN, “em primeiro lugar, o pedido de recuperação judicial precisa ser aceito pela Justiça. Se for aceito, então os consumidores prejudicados devem ter mais dificuldades para conseguir o reembolso“.
Segundo ela, a justiça vai definir uma prioridade de pagamentos, “como, por exemplo, crédito trabalhista, já que eles estão demitindo as pessoas; créditos com garantia real e também créditos quirografários, que é onde geralmente entram os consumidores, que podem demorar para receber”.