A agência de viagens 123milhas justificou a suspensão da emissão de passagens na linha promocional como resultado de “fatores econômicos e de mercado”, mencionando a elevada demanda por voos e as taxas de juros em alta como motivações para essa decisão.
Em comunicado emitido neste domingo (20), a empresa reiterou sua proposta de reembolso por meio de vouchers, gerando controvérsias. Wadih Damous, Secretário Nacional do Consumidor, afirmou ao UOL que o governo irá notificar a 123milhas, destacando a necessidade de disponibilizar a alternativa de restituição em dinheiro.
A 123milhas justificou a decisão de interromper os voos promocionais como uma ação “responsável”, visando à proteção dos valores desembolsados por seus clientes. Em um comunicado oficial, a empresa explicou que essa determinação influenciou uma série de fatores no mercado. Entre esses fatores, destacou-se a alta demanda por voos, que manteve as tarifas elevadas mesmo durante a baixa temporada, e as taxas de juros consideravelmente altas.
O que houve com a 123milhas?
É importante notar que o posicionamento da 123milhas gerou debate, visto que muitos consumidores buscam o reembolso em dinheiro diante da incerteza em relação aos vouchers, e as autoridades estão pressionando por opções mais flexíveis de ressarcimento.
De acordo com a empresa, a linha PROMO representa uma parcela de 7% dos embarques planejados para 2023. A companhia assegura que os montantes desembolsados pelos clientes que foram afetados pela suspensão dessa linha serão totalmente reembolsados por meio de vouchers, com um acréscimo monetário de 150% do CDI. Esses vouchers têm aplicabilidade abrangente e podem ser utilizados para aquisição de passagens aéreas, reservas de hotéis, pacotes de viagem e outros produtos oferecidos pela 123milhas.
Em resposta, o Ministério da Justiça emitiu uma nota indicando que a cláusula contratual que viabiliza o cancelamento unilateral de um serviço, tal como a 123milhas implementou, é abusiva, sendo assim, nula de efeito. Essa situação expõe um embate entre a empresa e as questões regulatórias em torno dos direitos do consumidor e da legalidade das ações tomadas.
Investigação em curso
As investigações em curso destacam que a opção de reembolso exclusivamente por meio de vouchers não pode ser uma imposição, conforme apontado pelo governo. O Ministério orientou os consumidores prejudicados a documentar suas situações na plataforma consumidor.gov.br. Além disso, o Procon-SP também anunciou sua intenção de notificar a 123milhas, ressaltando que a empresa não está autorizada a modificar suas políticas comerciais de maneira unilateral.
Em outras palavras, a 123milhas deve disponibilizar opções razoáveis para seus consumidores, ou alternativas que preservem a equivalência com a oferta original. A proteção dos direitos dos consumidores que adquiriram passagens afetadas se torna um foco central nessas circunstâncias.
No âmbito das investigações, enfatiza-se que a imposição de reembolso exclusivo por meio de vouchers é problemática e precisa respeitar as diretrizes regulatórias. A iniciativa do governo de incentivar os consumidores a reportarem suas situações na plataforma oficial visa a compilar informações relevantes sobre a extensão dos impactos. Além disso, a atuação do Procon-SP ilustra o papel das autoridades na garantia da equidade entre empresas e consumidores.