Sócios da 123milhas se encontraram com representantes do governo federal e, durante a reunião, afirmaram que a companhia “não tem condições”, no momento, de pagar seus clientes. Essa informação foi revelada pelo secretário nacional de Defesa do Consumidor, Wadih Damous, durante uma entrevista ao canal “CNN Brasil” na noite de sexta-feira (01).
Segundo o chefe da pasta, os sócios Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira se comprometeram a apresentar um plano de ressarcimento aos clientes. Ainda conforme Wadih Damous, os executivos em questão “dizem que se for para pagar agora não tem condição, por isso, querem apresentar um plano de ressarcimento, o mesmo plano que vão apresentar à juíza da recuperação judicial”.
Conforme explica o secretário, o combinado é de que tudo o que fora comercializado antes da recuperação judicial da empresa será parte do plano de ressarcimento. “Tudo aquilo que foi comercializado antes do pedido de recuperação judicial vai ser objeto da elaboração de um plano de ressarcimento, de pagamento”, explicou.
De acordo com ele, o plano da 123milha deve mostrar como será esse ressarcimento. “Vai ser com voucher, vai ser com dinheiro? Que critérios vão ser usados? Critérios cronológicos, critérios de urgência da viagem?”, explicou. “Isto vai ser organizado na base de um acordo que eles vão tratar conosco. Conosco e com o juiz da recuperação judicial”, completou o secretário, detalhando que a reunião com os executivos da 123milhas aconteceu para que fosse possível entender o negócio da empresa e ouvir explicações do que deu errado.
“Eles citaram questões de crédito, questões com banco, falta de previsão e o alto preço das passagens. Explicaram que havia um mecanismo de que as passagens compradas com uma determinada antecedência, o preço diminuía, e depois passou a não diminuir”, disse.
Crise da 123milhas
No meio deste mês de agosto, a agência de viagens 123milhas anunciou uma péssima notícia para os seus clientes: a suspensão das emissões de passagens e pacotes da linha promocional da empresa com previsão de embarque de setembro a dezembro, uma decisão que acaba por afetar viajantes que compraram passagens com datas flexíveis.
Ao comunicar a decisão, a empresa explicou que os valores gastos com a promoção linha “PROMO” no período seriam “integralmente devolvidos em vouchers, com correção monetária de 150% do CDI” e os vouchers poderiam ser usados para compra de outros produtos da 123milhas.
Até o momento, não ficou claro se, além da troca em serviços da própria empresa, os consumidores da 123milhas poderão rever o seu dinheiro caso assim preferirem. Conforme a 123milhas, a suspensão se deu por conta da “persistência de fatores econômicos e de mercado adversos, relacionados principalmente à pressão da demanda e ao preço das tarifas aéreas”. Além da suspensão, a empresa também entrou com um pedido de recuperação judicial, que foi aprovado pela Justiça.
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